quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Perséfone retorna do inferno

fazer tudo pela última vez. acordar às 6 da manhã. trocar de roupa, escovar os dentes, tomar café. correr pro ponto, pegar 2 ônibus, caminhar os corredores até a sala. sentar. ouvir. falar. a rotina que me fez sísifo. que me fez abrir mão de tudo o que eu amo. pela última vez. o último passo antes de me jogar do penhasco vertiginoso rumo ao que chamamos de liberdade.
tanta dor foi preciso pra que eu chegasse nesse ponto. não quero mais beirar o suicídio por causa de escolhas que fiz sentindo como se não as tivesse. precisei caminhar no inferno pra vislumbrar o fim do túnel: eu não preciso ser refém das minhas escolhas. eu posso jogar tudo pro alto se eu quiser. eu posso mudar. sempre que se fizer necessário. eu posso mudar de direção. eu posso me arrepender e voltar. e eu posso mudar novamente. eu não preciso ter medo de me arriscar, de errar, de me arrepender, de mudar de idéia. minha vida não é uma pedra a ser rolada morro acima eternamente...


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


o inferno é suave, meu bem. já fui e voltei tantas vezes que conheço o caminho de cor. suas torturas são, portanto, um doce gracejo. já tomei café com o diabo e, apesar de não ter apostado minha cabeça, já a perdi tantas vezes que precisei recuperá-la com injeções. você não iria entender. vc se irrita com as verdades que eu falo. se cala. se esconde. diz que eu não sei do que estou falando. responde por metáforas, poemas, evasivas, músicas ou pixações... repudia tudo o que nos une. faz piada, se defende, me tortura. e o eterno retorno. te incomoda, mas eu direi sinto muito, eternamente. mas não pelos motivos que você acha. afirma que não, mas se mantém tão forte em suas certezas que todo o resto passa a ser uma mentira pra você. tão simplista sendo tão complexo. desrespeitamo-nos um ao outro na delícia desse vínculo sádico, enquanto você mente pra si mesmo querer ser saudável.

Nay, but to live
In the rank sweat of an enseamed bed,
Stew’d in corruption, honeying and making love
Over the nasty sty

eu sinto muito pelas palavras que eu escolho, pelas decisões que tomo, por topar brincar eternamente de fort-da com você (e você comigo...). e, mais uma vez, eu sinto muito, muito mesmo, mas eu continuo aqui.