quarta-feira, 25 de maio de 2011

Angústias de insônia, pré respostas de cabeça no travesseiro

Post de 2012, editado por engano e republicado hoje. Désolée. =/

Eu e minhas tantas angústias... Fiquei pensando muito, desde sábado, na questão do antropólogo/sociólogo Marcel Mauss e a dádiva. Nascer é contrair uma dívida, que nós passamos o resto da vida tentando pagar. Quando nós bloqueamos a circulação da dádiva é que adoecemos. Eu tenho uma relação fortíssima com temas de adoecimento e subserviência, devido ao meu stellium na casa 6. Eu sei já faz um bom tempo que não nasci pra viver pra mim, e sim pra algo maior. Crescendo numa família católica, tendo feito catequese e tudo mais, achei que meu chamamento era religioso. Pensei, mesmo, em ser freira. Foi só ficar um pouco mais velha, dando razão ao Piaget com seu Operatório Formal, que comecei a questionar algumas coisas. Eventualmente, percebi que o Catolicismo e o Cristianismo eram uma gigantesca bobagem. Avançando uns anos na história, deixei também de ser wiccan quando o punk entrou na minha vida. O agnosticismo caiu como uma luva quando me dei conta de que era um desperdício de tempo e energia mental me ocupar com questões religiosas quando o mundo está uma desgraceira. E nisso eu estava no meu primeiro ano de universidade, licenciatura em Letras. Bem, se passaram 9 anos e meio, três cursos superiores e infinitos amores. Eu continuo sendo essa coisa caótica, que nem pretende saber onde vai estar no dia seguinte. Meus interesses são tão profundos quanto efêmeros. Me apropriando das palavras de um amigo, "só posso amar o caminho"... Essa década foi terrivelmente fecunda na minha vida. Viajei o mundo, conheci mais gente do que consigo lembrar, distimia, depressão e psicofármacos, terapias, teorias, experimentações (principalmente com corpos alheios)... Sempre que eu sabia que algo daria certo, eu ia lá e chutava tudo. Porque o certo nunca me interessou, e sim o desconhecido, o frio na barriga... O constante movimento. Mas minha angustia principal sempre foi externa, sempre foi o mundo. Acho que então era invariável que eu caísse na política, de alguma forma. Movimento Estudantil, Conselho Municipal de Cultura, quem sabe um dia até filiação ao PSOL, único partido cuja atuação tem me demonstrado coerência (por mais que, neste momento, eu ainda tenha preconceito horrores com política partidária...). Só sei que cada vez menos eu tenho saco de conversar coisas alienadas, individualizadas, superficiais, inúteis e acríticas. Como eu disse, sou distímica. Ser rabugenta faz parte da estrutura que eu escolhi, construí, para ser minha.
Tem tanta coisa dita aí, mas tem tanto mais nas entrelinhas! Eu poderia dissecar com uma pinça cada letra ou palavra, e disso sair mais uma vida toda, um punhado de peças... peças deste quebra-cabeça doido que digita agora estas palavras...

Eu não sei mais o que fazer com tanta insônia. Eu não sei mais o que fazer com essa necessidade de dormir quando eu não quero, e estar acordada quando eu quero menos ainda. É tão maravilhoso existir sozinha neste horário em que todos estão dormindo. É um silêncio tão autístico. E empoderador... Enfim, castrações, castrações. Preciso dormir, porque senão não consigo existir no sentido que me é exigido e cobrado. Tenho deveres! Salvar o mundo não está na pauta de hoje. E as pessoas estão começando a acordar, então é realmente minha hora de fugir pra outro mundo só meu.

Por fim, deixo isto, tentando diminuir a minha frustração de não sentir que é possível ser/fazer qualquer coisa de grandiosa neste mundo:

Um comentário:

  1. "Porque o certo nunca me interessou, e sim o desconhecido, o frio na barriga." s2

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