domingo, 15 de maio de 2011

Achei este texto num blog meu antigo, e me dói como uma facada no peito constatar que, apesar de tudo, de tantas idas e vindas pelo mundo, tantas coisas diferentes experienciadas e realizadas, que voltei para este mesmo horrível lugar, 7 anos depois. Por isso, passo esse texto para cá, na tentativa de entender o porquê, de entender o que fiz, o que venho fazendo, o que são essas repetições que eu busco, e mais ainda, na tentativa de que eu não volte a visitar este lugar daqui a 7 anos...


Sábado, Maio 22, 2004
Meu eu que vive dentro de mim está pendurada nas minhas costelas, socando meu peito por dentro e gritando "não faça isso comigo!" Ela está muito revoltada e seus gritos ecoam dentro da minha cavidade torácica. Mas eu permeço deitada em silêncio, imóvel, em minha cama. Ela chora e se debate e não consegue crer em minha passividade. Eu continuo deitada, melancólica e de aparência quase plúmbea. Espero que ela se canse de berrar dentro de mim... Ela torna tudo tão difícil. Preferia que ela entendesse. Não vejo porque relutar tanto! Eu a aprisionei dentro de mim. Às vezes sinto seus socos tão fortes em meu peito. Enquanto eu tento me contentar em viver do passado, ela quer mais. Ela quer viver do presente. (Eu tenho que encostar no meu piercing para ver que ele é real. Às vezes tenho medo de acordar e ele ter sumido, ter ido embora. Uma pessoa tão passiva e medrosa da vida não merece ter um piercing ou qualquer coisa do gênero.) Eu concordo com o que ela está gritando: "você é patética! Você não merece viver..." Eu quero ir (começa a tocar Smiths no rádio. Everyday is like Sunday. Everyday is silent and grey... Nem preciso dizer that I'm in tears...). Mas só eu sei como me sinto estando lá sozinha. Just like the big loser that I am. É uma passividade apática e mórbida que me paralisa. Não consigo mexer minhas pernas. Não consigo me mexer. Me encolho em minha cama e espero que o mundo acabe. E ela dentro de mim também chora. Ela não quer que eu desista tão fácil. Mas ela não entende... Eu não posso passar por isso novamente. Ficar lá sozinha, ver que as coisas nas quais acredito estão erradas. Que não tenho ninguém e que nunca conseguirei viver. O que ela vê como passividade eu vejo como autopreservação. Estamos chorando juntas. Ela está decepcionada comigo e me sinto mal por decepcioná-la. Agora vou começar a me arrumar, como se eu estivesse andando sobre areia movediça, apenas para que ela não pense que sou fraca. Mas sou. Não sei o que Eles me reservam. Novamente terei que pagar para ver. Só que não sei se valerá a pena...

. 5 hrs depois: Mais um episódio patético na minha vida patética... Tudo bem, já estou me acostumando...

Um comentário:

  1. nossa, jura que ja leu meu fanzine?
    de que cidade vc é? eu sempre sigo blogs que acho interessante.
    apareça mais vezes! = )
    beijão!

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